A la fontana de Vergier
Marcabru
Poema que mistura amor de longe e canção de cruzada. Aqui um
cavaleiro tentar animar uma dama cuja pretendente foi à Cruzada.
(1)
A la fontana del
vergier,
On l'erb' es
vertz josta·l gravier,
A l'ombra d'un
fust domesgier,
En aiziment de
blancas flors
E de novelh chant costumier,
Trobey sola, ses companhier,
Selha que no vol mon solatz.
(2)
So fon donzelh'ab son cors belh
Filha d'un senhor de castelh!
E quant ieu cugey que l'auzelh
Li fesson joy e la verdors,
E pel dous termini novelh,
E quez entendes mon favelh,
Tost li fon sos afars camjatz.
(3)
Dels huelhs
ploret josta la fon
E del cor
sospiret preon.
Ihesus, dis elha,
reys del mon,
Per vos mi creys
ma grans dolors,
Quar vostra anta
mi cofon,
Quar li mellor de
tot est mon
Vos van servir,
mas a vos platz.
(4)
Ab vos s'en vai
lo meus amicx,
Lo belhs e·l gens e·l pros e·l ricx!
Sai m'en reman lo
grans destricx,
Lo deziriers
soven e·l plors.
Ay mala fos reys
Lozoicx
Que fay los mans
e los prezicx
Per que·l dols
m'es en cor intratz
(5)
Quant ieu l'auzi desconortar,
Ves lieys vengui josta·l riu clar :
Belha, fi·m ieu, per trop plorar
Afolha cara e colors!
E no vos cal dezesperar,
Que selh qui fai lo bosc fulhar,
Vos pot donar de joy assatz.
(6)
Senher, dis elha, ben o crey
Que Deus aya de
mi mercey
En l'autre
segle per jassey,
Quon assatz
d'autres peccadors!
Mas say mi tolh
aquelha rey
Don joys mi crec!
mas pauc mi tey
Que trop s'es de
mi alonhatz.
Tradução
(1)
Na fonte do pomar,
Onde a grama é verde até o cascalho,
Na sombra de uma árvore frutífera,
No charme das flores brancas
E do canto vernal costumeiro,
Encontrei sozinha, sem companheiro,
Aquela que não quer meu conforto.
(2)
Era uma donzela de corpo belo,
Filha de um senhor de castelo.
E quando eu pensei que os pássaros
Reparariam a felicidade dela, com a folhagem,
E pelo doce término da primavera,
E que ouviria o meu falar,
Logo sua atitude ia mudar.
(3)
Dos seus olhos perto da fonte lacrimejou,
E do seu coração profundamente suspirou,
"Jesus", diz ela, "Rei do mundo,
Por vós aumenta minha grande dor,
Pois vosso sofrimento me confunde,
Pois o melhor de todo o mundo
Vai lhe servir, mas a vós alegra.
(4)
Com vós vai o meu amigo,
O belo, o gentil, o valente e poderoso,
Aqui permanece comigo a grande tristeza,
O desejo perpétuo e as lágrimas.
Maldito seja o Rei Luís,
Que faz as convocações e os sermões
Pelos quais trouxeram dor ao meu coração!"
(5)
Quando eu ouvi seu reclamar,
Fui até ela perto do rio claro:
"Bela," eu disse, "chorar muito
Murcha o rosto e as cores,
você não precisa se desesperar,
Pois Aquele que faz a madeira brotar folhas
Pode lhe dar muita alegria."
(6)
"Senhor", disse ela, "Bem creio:
Que Deus terá misericórdia de mim
Na outra vida, para sempre,
Assim como os outros pecadores!
Mas aqui me afasta daquela coisa
Que aumenta minha felicidade! Mas pouco me importa,
Porque ele está muito longe de mim."
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