A l'alena del vent doussa

Marcabru

Poema moral do Marcabru, este aqui é uma crítica aos guardiões e senhores que mantém suas mulheres trancadas em casas.

 

(1)

A l'alena del vent doussa

Que Dieus nos tramet, no sai d'on,

Ai lo cor de joy sazion

Contra la doussor del frescum

Quant li prat son vermelh e groc.

 

(2)

Belh m'es quan son ombriu li mon

E l'auzel desotz la verdon

Mesclon lurs critz ab lo chanton,

E quascus, ab la votz que an,

Jauzis son parelh en son loc.

 

(3)

De sai sen un pauc de feton

Que lai torno·l pel al bussa,

Qu'encaritz son li guasta-pa,

Quais per els son gardat li don,

Qu'estrayns mas lo senher no·y toc.

 

(4)

Si·l gilos s'en van seguran

E li guardador jauzion,

Ges egual no chant e respon!

Qu'ilh van a clardat e ses lum,

Quan vols t'en pren ab eis lo broc.

 

(5)

D'aquestz sap Marcabrus qui son,

Que ves luy no van cobeitan

Li guandilh vil e revolum:

Gilos que·s fan baut guazalhan

Meton nostras molhers en joc.

 

(6)

Greu cug mais que ja lur don

Aquist soldat uay qu'estraitz pla!

Seguon la natura del ca,

Pus lo guos ro e·l lebriers gron

Desus ves del plat bufa·l foc.

 

(7)

Qu'entr' els non a clau ni meia

Qu'els non aion del plus preon

E del frug lo prim e·l segon,

Cist fan la malvestatz rebon

Quan nos fan donar non per oc.

 

(8)

Gilos pus de sa foudat bon

Enfla, ades, enfla e refon!

Saber deu qu'a·l vetz a puta,

Si non, digua que mays non poc.

 

Tradução


(1)

No sopro do vento doce

Que Deus nos envia, não sei de onde,

Tenho o coração saciado com alegria,

Contra a doçura do fresco,

Quando os prados estão vermelhos e amarelos.

 

(2)

Me é belo quando as montanhas estão escuras

E os pássaros sob a verdidão

Mesclam seus pios com o canto,

E cada um, com a voz que vai

Alegrando seu par em seu lugar.

 

(3)

Daqui, sinto um pouco de fedor,

Porque lá tornam o cabelo ao arbusto,

Os estraga-prazeres são os podres,

Os que mantém os presentes guardados,

Que estranhos, exceto o senhor, não os toque.

 

(4)

Se o ciumento se vai confiando

E os guardiões alegrando,

Não canto igual e respondo!

Porque eles vão de dia e sem luz:

Pegam o quanto querem com suas garrafas.

 

(5)

Destes, Marcabru sabe quem são:

Não é para ele que voltam sua cobiça,

Os guardiões vis e distorcidos;

Ciumentos que fazem associação forte com eles,

Colocando nossas mulheres em jogo.

 

(6)

Dificilmente penso em presenteá-los,

Aqui penso estar livre desta loucura!

Eles seguem a natureza do cão:

Pois assim como o mastim late e o lebréu rosna,

Eles abanam o fogo em cima do prato.

 

(7)

Porque contra eles não há chave nem meio

Para impedir de terem o que é mais escondido,

Do primeiro fruto, assim como o segundo.

Eles fazem a maldade rodar

Quando fazem nossa resposta "não", ao invés de um "sim".

 

(8)

O ciumento, depois de sua tolice,

Infla, infla de novo e se refaz;

Deve saber quando ele vê uma prostituta,

Senão, dirá que ele não poderia.

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