Pax in Nomine Domini

Marcabru

Versão completa do canto mais famoso de Marcabru. Aqui a Espanha (contexto das reconquistas) é tratada como um lugar de purificação onde os homens devem ir para purificar do pecado.

 

(1)

Pax in nomine Domini

Fetz Marcabrus los motz e·l so.

Aujatz que di:

Cum nos a fait, per sa doussor,

Lo Seingnorius celestiaus

Probet de nos un lavador,

C'anc, fors outramar, no·n fon taus,

En de lai deves Josaphas:

E d'aquest de sai vos conort.

 

(2)

Lavar de ser e de maiti

Nos deuriam, segon razo,

Ie·us o afi.

Chascus a del lavar legor!

Domentre qu'el es sas e saus,

Deuri' anar al lavador,

Que·ns es verais medicinaus!

Que s'abans anam a la mort,

D'aut en sus aurem alberc bas.

 

(3)

Mas Escarsedatz e No-fes

Part Joven de son compaigno.

Ai cals dols es,

Que tuich volon lai li plusor,

Don lo gazaings es enfernaus

S'anz non correm al lavador

C'ajam la boca ni·ls huoills claus,

Non i a un d'orguoill tant gras

C'al morir non trob contrafort.

 

(4)

Que·l Seigner que sap tot quant es

E sap tot quant er e c'anc fo,

Nos i promes

Honor e nom d'emperador.

E·il beutatz sera, --sabetz caus--

De cels qu'iran al lavador

Plus que l'estela gauzignaus!

Ab sol que vengem Dieu del tort

Que·ill fan sai, e lai vas Domas.

 

(5)

Probet del lignatge Cai,

Del primeiran home felho,

A tans aissi

C'us a Dieu non porta honor!

Veirem qui·ll er amics coraus!

C'ab la vertut del lavador

Nos sera Jhezus comunaus!

E tornem los garssos atras

Qu'en agur crezon et en sort

 

(6)

E·il luxurios corna-vi,

Coita-disnar, bufa-tizo,

Crup-en-cami

Remanran inz el felpidor!

Dieus vol los arditz e·ls suaus

Assajar a son lavador!

E cil gaitaran los ostaus!

E trobaran fort contrafort,

So per qu'ieu a lor anta·ls chas.

 

(7)

En Espaigna, sai, lo Marques

E cill del temple Salamo

Sofron lo pes

E·l fais de l'orguoill paganor,

Per que Jovens cuoill avol laus.

E·l critz per aquest lavador

Versa sobre·ls plus rics captaus

Fraitz, faillitz, de proeza las,

Que non amon Joi ni Deport.

 

(8)

Desnaturat son li Frances,

Si de l'afar Dieu dizon no,

Qu'ie·us ai comes.

Antiocha, Pretz e Valor

Sai plora Guiana e Peitaus.

Dieus, Seigner, al tieu lavador

L'arma del comte met en paus:

E sai gart Peitieus e Niort

Lo Seigner qui ressors del vas!

 

Tradução

 

(1)

Paz em nome do Senhor!

Marcabru fez o som e as palavras,

Ouça o que ele diz:

Como nos fez por sua doçura,

O Senhor Celestial,

Nos concedeu um lugar de purificação,

Que nunca houve igual, a não ser além do mar,

No vale de Josafá,

Mas é aqui que vos chamo.

 

(2)

Nos lavar de dia e de noite

Nós devemos, segundo a razão,

Isso deves saber,

Nos lavar enquanto temos a chance!

Enquanto temos vida e saúde.

Devemos ir ao lavador,

Que é o verdadeiro remédio,

E se antes encontrarmos a morte,

Nós viveremos na mansão inferior. (inferno)

 

(3)

Mas a má vontade e falta de fé

Separam a juventude de seu companheiro.

Ai de mim! Me dói que

A maioria rodeie onde

A recompensa é infernal.

Se não corrermos para o lavadouro

Antes que nossos olhos e bocas estejam fechados,

Não existirá homem tão orgulhoso

Que não encontre seu inimigo na morte.

 

(4)

Pois o Senhor, que sabe tudo que é,

Que era e que será,

Nos prometeu

Honra em nome do Imperador.

E sabe o quê? A beleza estará

Sobre aqueles que irão ao lavadouro,

Mais que sobre a Estrela da Manhã,

Se vingarmos o mal feito a Deus,

Aqui e ali, em torno de Damasco.

 

(5)

Concendidos da linhagem de Caim,

Do primeiro homem cruel,

Há tantos aqui

Que não portam a honra de Deus!

Veremos quem é o amigo verdadeiro,

Pois pela virtude da purificação

Jesus estará com todos nós

E expulsaremos os perversos

que acreditam em augúrio e bruxaria.

 

 

(6)

E os lascivos beberrões de vinho,

Devoradores de comida, sopradores de brasas,

Os agachados no caminho,

Continuarão na imundície.

Deus testará os corajosos e bondosos,

Em sua purificação,

E esses protegerão suas casas!

E encontrarão um forte inimigo,

Por isso eu os expulsarei.

 

(7)

Na Espanha, saiba, o Marquês,

E esses do Templo de Salomão,

Sofrem o pensamento

E o fardo do orgulho pagão

Para que os jovens sofram de má fama,

E a culpa pela purificação

Cai sobre os mais ricos senhores:

Quebrados, falhos, sem virtudes.

Que não amam a alegria e nem diversão

 

(8)

Desnaturados são os franceses

Se do assunto de Deus dizem não,

Pois eu os incitei.

Antióquia, por virtude e valor

Guiena e Poitou clamam.

Deus em tua purificação:

Que a alma do Conde encontre a paz,

E proteja Poitiers e Niort,

O Senhor que se levantou da tumba!

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